Clones de batata-doce da Embrapa podem incrementar gastronomia
Há algumas semanas foram plantados novos experimentos para testes, novas avaliações e validações de dois clones de batata-doce de polpa roxa numa área de produção orgânica, em Barra de Santo Antônio, litoral norte de Alagoas. Segundo Flávia Teixeira, a especialista responsável pelos testes, as novas cultivares deverão ser lançadas em breve pela Embrapa e possuem uma escelente produtividade.
“São clones com excelentes diferenciais nutricionais e funcionais, do ponto de vista alimentar com potencial para serem utilizados no processamento de farinhas, chips e em pratos com batata-doce”, explica Teixeira.
Segundo o pesquisador Raphael Melo, a batata-doce tem importância econômica relevante no Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Norte, Minas gerais, Ceará, Sergipe, Paraíba, Santa Catarina e Pernambuco. Ele destaca que essas hortaliças, se comparadas com outros tipos de alimentos, são fontes importantes de nutrientes com menos custo de aquisição.
“No Brasil, temos 29 cultivares de batata-doce registradas pelo Ministério da Agricultura, mas apenas uma de polpa roxa, recomendada apenas para Santa Catarina e com uma produtividade relativamente baixa, menor que 15 toneladas por hectare”, informa.
Os clones BGBD 0005 e BGBD 1261, que começarão a ser testados em Alagoas obtiveram produtividade média de 35 toneladas por hectare, com avaliações já realizadas em Santa Catarina, MInas Gerais, Goiás, Pernambuco e no Distrito Federal.
Desenvolvidos pela melhorista de plantas Larissa Vendrame, esses clones se apresentaram como os mais promissores, avaliados nos últimos cinco anos pela Embrapa Hortaliças e já estão em fase final de registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Flávia Teixeira afirma que os clones de batata-doce ainda deverão passar por outros tipos de avaliações, conduzidas por pesquisadores ligados à Embrapa Alimentos e Territórios, que deverão submetê-los a uma bateria de testes junto a um público mais especializado, como chefs de cozinhas e culinaristas.
“Há uma boa expectativa de que essas novas batatas-doces agradem esses consumidores finais, pela aparência diferenciada e pelos atributos funcionais que esse alimento dispõe”, acrescenta Flávia.
Antocianinas
O roxo intenso presente nas raízes tuberosas dos clones em avaliação é o resultado do acúmulo de antocianinas. As antocianinas são os pigmentos que conferem as cores vermelha, roxa e azul em frutas, como o mirtilo, amora preta, uva e açaí. Também em hortaliças, como o repolho roxo e até em flores, como a petúnia.
Esses pigmentos são compostos fenólicos, conhecidos como “flavonoides”, fitoquímicos bioativos com ação antioxidante, que atuam positivamente na saúde humana, na prevenção de doenças crônicas. Nas plantas, a função das antiocianinas pode ser de atração de insetos para a polinização ou a disperção de sementes, e de proteção contra microrganismos.
“Na batata-doce de polpa roxa, o diferencial é a produção em elevado volume por área, o que permite mais facilmente o acesso a esses compostos bioativos pela população, o que a torna um produto ainda mais interessante para ser utilizado na gastronomia e de diferentes formas pela indústria, até mesmo como um corante alimentício natural”, acrescenta a pesquisadora Lucimeire Pilon, que atua na área da Ciência e tecnologia de Alimentos da Embrapa Hortaliças.
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