Mapa discute o uso de irradiação em alimentos no Brasil como opção para evitar desperdícios
O processo destrói microorganismos, bactérias, vírus ou insetos presentes nos alimentos.
Destruir microrganismos causadores de doenças, prolongar o prazo de validade dos produtos, retardar o amadurecimento e brotação, esterilizar alimentos, tudo com segurança e sem o uso de produtos químicos. Essas são algumas vantagens do uso de irradiação na agricultura e pecuária. A implementação dessa tecnologia no Brasil foi debatida em evento online nesta quinta-feira (08), realizado pela empresa pública Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul), vinculada à Marinha do Brasil.
O assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luiz Eduardo Rangel, participou do evento e destacou que a agropecuária brasileira, considera uma das mais tecnológicas do mundo, discute estratégias para produção a partir dessa tecnologia, ainda pouco utilizada no país.
“O Brasil é muito bem visto internacionalmente pela qualidade de seus produtos e com a técnica da irradiação temos a oportunidade de galgar esses mercados com maior competitividade, sustentabilidade baseado em políticas públicas”, disse. Hoje, o Brasil é o terceiro maior produtor de frutas, mas apenas o 23° maior exportador, desempenho que pode crescer com o uso da irradiação.
Rangel destaca a irradiação de alimentos como uma importante aliada para a redução de perdas de produtos. Atualmente, o desperdício de alimentos no mundo é estimado com 30% do que é produzido, segundo a Organização das Nações unidas para Agricultura e Alimentação (FAQ). Apenas 1/4 do que Estados Unidos e Europa descartaram seria suficiente para alimentar as 800 milhões de pessoas que ainda passam fome no mundo.
Ele lembrou que ainda há muito desconhecimento sobre a tecnologia, o que muitas vezes gera preconceito. Por isso, uma das ações do governo federal é traças estratégias para melhor comunicar aos brasileiros sobre as vantagens do uso da tecnologia.
“A ampliação da viabilidade de uma tecnologia já comprovada pela ciência é fundamental, não existe empecilhos legais para o uso da técnica no Brasil, sendo um assunto pacificado ao redor do mundo. É preciso, agora, comunicar de forma estratégica essa solução para a sociedade”, declarou.
O Mapa também persegue um plano de negócios para oferecer ao mercado ações como o levantamento sobre o mercado internacional de produtos irradiados, planos de marketing e divulgação da tecnologia do irradiador multipropósito, planos de marketing e divulgação da tecnologia do irradiador multipropósito, fatores a serem considerados para a instalação e funcionamento sustentável e viabilidade do negócio com utilização prioritária em produtos agropecuários, em especial frutas e hortaliças.
Para avaliar o uso de irradiadores multipropósitos no Brasil para formento dessa tecnologia em produtos agropecuários foi instituido um Grupo de Trabalho Técnico conforme Portaria n°66, publicada em 6 de abril.
Pesquisa
A eficiência da utilização da irradiação em alimentos é comprovada pela Embrapa, que iniciou as pesquisas com a tecnologia na década de 1980. O uso de radiação ionizante é ainda uma opção com menor impacto ambiental, já que não deixa resíduos.
Segundo dados da FAQ, os alimentos irradiados mantêm suas propriedades nutricionais e organolépticas, além de não apresentarem qualquer risco toxicológico, radiológico ou microbiológico para o consumo humano.
Estados Unidos, China, Japão, Reino Unido, Argentina, Chile, Peru e parte da União Europeia utilizam a irradiação em especiarias, tubérculos, grãos, frutas, carne suína, frango, pescado, frutos do mar, ervas medicinais. mais de 60 países comercializam produtos com o uso de irradiação.
A Amazul deverá desenvolver projeto de engenharia e realizar o dimensionamento dos equipamentos, o licenciamento radiológico e a contratação da empresa responsável pela construção, montagem e comissionamento dos equipamentos, bem como a fiscalização do empreendimento, até a entrega final ao usuário final. O Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), órgão ligado à Comissão nacional de Energia Nuclear (CNEN), responsável pela introdução da tecnologia no país, dará o apoio técnico ao projeto.
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