Audiência pública no Senado Federal discute economia criativa na gastronomia e no turismo
O chefe-geral da Embrapa Alimentos e Territórios, João Flávio Veloso Silva, participou na manhã desta quinta-feira, 30, de audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, com a finalidade de debater o tema: “A Internacionalização da Economia Criativa, da Gastronomia e do Turismo como Indutores do Desenvolvimento Regional”.
Coordenada pela senadora Kátia Abreu (PP-TO), audiência proporcionou um debate rico sobre a temática. Ela propôs organizar missões de chefs ao novo centro de pesquisas da estatal em Alagoas. Primeiro a falar, Veloso destacou papel das mulheres no fazer culinário. Ele ressaltou a importância da agrobiodiversidade brasileira. João Flávio disse que as regiões mais pobres podem ter desenvolvimento territorial, tendo o turismo e gastronomia como propulsores.
O pesquisador deu detalhes das cooperações técnicas que estão em andamento entre a Embrapa Alimentos e Territórios e o SEBRAE e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para o desenvolvimento de roteiros gastronômicos. “Iniciamos trabalhos com a cadeia de lácteos, da maricultura, das cachaças, do mel e da própolis, principalmente”, informou Veloso.
O consultor e pesquisador em história cultural, Carlos Alberto Pereira Júnior expôs sobre o projeto “Dá gosto ser do Ribeira”. Ele ressaltou o envolvimento das comunidades tradicionais e alertou para alguns gargalos que leis ambientais podem impedir a manuntenção de algumas tradições da originária culinária brasileira.
“Há ainda a questão da desconexão, de um processo cultural de como nós nos vemos. O isolamento do Vale do Ribeira provocou imagem negativa à população da região. Se faz necessário um trabalho intenso de educação do patrimônio cultural, imaterial. É preciso trabalhar com comunidade para que elas ressignifiquem a importância de sua cultura e da culinária”, defendeu.
Roberto Nedelciu, residente da Associação das Operadoras de Turismo (Braztoa) abordou como a pandemia do novo Covid-19 impactou a atividade. Lembrou que o turismo “embarca” cerca de 300 outros setores da economia. Ele afirma que faltam produtos turísticos para oferecer aos consumidores de turismo, especialmente os estrangeiros. Citou dois cases de sucesso que podem ser melhor desenvolvidos: o destino Jalapão, em contraponto à Tailândia. Lavandários no interioro de São Paulo numa opção para os famosos roteiros franceses.
Em seguida, Leônidas Oliveira, secretário de Cultura e Turismo do Estado de Minas Gerais, fez uma fala consistente sobre o novo olhar da Organização Mundial do Turismo (OMT), que prega menos foco nas estatísticas e mais pessoas. Ele diz acreditar que o mundo vai iniciar uma nova onda de mais humanismo. Destacou o potencial das paisagens culturais e da culinária nacional como elemento fundante da nossa brasilidade. “Estar na cozinha é uma das primeiras condições civilizatórias”, filosofou. Para Oliveira, o turismo de proximidade, com circuitos curtos tende a crescer nos próximos anos.
André Luiz Lira Reis, gerente de Gabinete da Diretoria de Marketing, Inteligência e Comunicação da Embratur, anunciou a participação brasileira na Expo Dubai. Ele também asseverou a tese de que a pandemia afetou deslocamento das pessoas. Disse que o órgão governamental está investindo mais pesadamente na promoção de modalidades de turismo de natureza e cultural.
A chef carioca Kátia Barbosa, fez uma fala emocionada e defendeu união dos entes federativos na promoção da culinária brasileira e cita Teresa Corção (Instituto Maniva) sobre uma gastronomia afetiva e socialmente responsável. Lembrou aos prsentes de como o Peru mudou sua economia com fomento à gastronomia. Barbosa aproveitou a oportunidade para divulgar a importância das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), que são plantas com potencial alimentício e desenvolvimento espontâneo, porém não são consumidas em larga escala. “O Brasil tem muito pra ensinar ao mundo!”
Durante a audiência foi servido aos presentes pratos com um mix de queijos mineiros premiados, oferecidos pelo chef Edson Pereira. Ele disse que os queijos brasileiros já são considerados os segundo melhores do mundo, atrás apenas da secular tradição queijeira francesa.
Fonte: Embrapa
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