Projeto da Ufal cria primeira Fonoteca Zoológica de Alagoas

Arquivos sonoros de anfíbios e aves já estão disponíveis e equipe convida para contribuir com acervo virtual

Identificar os animais pelos sons pode ser uma experiência enriquecedora. É isso que a primeira Fonoteca Gabriel Skuk está construindo um rico acervo de anfíbios anuros, que são sapos, rãs e pererecas, e inicia também a preservação dos sons de aves.

“Muitas espécies estão sendo extintas antes mesmo que a gente conheça elas, então é muito importante que a gente consiga preservar e salvaguardar esses arquivos sonoros porque eles contêm informações valiosas”, destacou a bolsista do projeto Bruna Barbosa, estudante do curso de Ciências Biológicas.

Coordenada pela professora Tami Mott, a Fonoteca Gabriel Skuk foi iniciou como Projeto de inovação Tecnológica da Ufal (Pibit) e conta com cinco pessoas na equipe entre estudantes de graduação, pós-graduação, professores e técnicos no MHN.

A ferramenta é peça importante para conservação das espécies guardando sinais acústicos capazes de apontar a presença, a riqueza, e densidade de espécies em uma determinada área. Além disse, os sons captados ajudam a entender o comportamento entre indivíduos de uma mesma espécie, espécies diferenes e até interações como presa-predador.

No anuro os diferentes tipos de vocalizações apresentam características sobre tamanho e estado reprodutivo, ou ainda, se anfíbio é agressivo e identificar cantos de defesa por meio das capacitações. As informações sobre o comportamento e a biologia a partir desses sons podem ser utilizadas de diferentes formas.

“Hoje em dia a gente tem várias linhas de pesquisa diferentes que se utilizam do som de animais entre elas ecologia acústica com as paisagens acústicas, a taxonomia integrativa, a gente se pode trababalhar com a descrição do som desses animais para publicação científica. O som também pode ser utilizado para escolas, em várias situações, inclusive vivências”, indicou Bruna, reforçando que apenas não é permitido utilizar os arquivos sonoros para fins comerciais.

Serviços e colaboração

A Fonoteca é virtuale o lançamento oficial do projeto no MNH está previsto para o mês de maio. A equipe planeja ter um espaço físico no Museu e busca novos recursos para equipamentos e outras estruturas.

Qualquer pessoa pode solicitar um arquivo, por meio do site e também é possível colaborar com a construção do acervo de anfíbios anuros e aves enviando gravações de áudio ou vídeo para o e-mail fonotecazoo.mhnufal@gmail.com. É necessario preencher alguns dados de registros no documento on-line disponível aqui. Os arquivos depositados devem estar no formato .wav, ter o mínimo de qualidade sonora e apresentar informações básicas.

“O mínimo seria a data e o local de coleta. Além disso, seria ótimo ter o máximo de informações possíveis sobre os registros sonoros porque, caso sejam utilizados para pesquisa, quanto mais informações científicas, confiáveis, melhor” lembrar a bolsista.

Homenageado

O nome da Fonoteca é uma homenagem ao ex-professor de Zoologia da Ufal, Gabriel Skuk, falecido em 2011. O uruguaio passou quase uma década contribuindo com suas pesquisas no Museu de História Natural.

“Grabriel trouxe para terras alagoanas suas incrível capacidade intelectual e vontade de ajudar ou outros, fundando um grupo de estudos de anfíbios, cujo projeto de pesquisa introduziu de maneira sistemática o estudo desse grupo na região, antes muito pouco explorada. Mas, muito além de um excelente pesquisador, o professor também era um incrível fotógrafo da natureza, apaixonado pelo seu trabalho”, destaca a equipe da Fonoteca na página do projeto no Instagram

O trabalho do professor é tão reconhecida que existe um prêmio de Fotografia e Ilustração Científica criado pelo MHN que também leva o nome de Gabriel Skuk. Outra homenagem ao pesquisador foi feita em 2021, quando a pós-doutoranda em Ciências Biológicas, Katyuscia Vieira, apresentou um novo gênero monotípico de pererecas da família Hylidae e deu o nome de Gabohyla pauloalvini (Gabo, “Gabriel” e Hyla, gênero de pererecas).

Texto por Manuela Soares – Jornalista