Sisteminha é tema de palestras magna e curso da II Semana de Agricultura Familiar
Uma das tecnologias sociais da Embrapa mais conhecidas no Brasil e no mundo, o sisteminha Embrapa -UFU – Fapemig, serátema de palestra magna da II Semana de Agricultura Familiar, cujo tema desta edição é “Inovação tecnológica e empreendedorismo rural no campo”. O evento será realizada no Instituto Federal do Maranhão – IFMA, campus Presidente Dutra, nos dias 21 e 22 de setembro.
A aula magna terá como tema “A integração da tecnologia social Sisteminha Embrapa UFU Fapemig em Ações de ensino, pesquisa e transferência de tecnologia: cooperação técnica entre o IFMA e a Embrapa”. A palestra será ministrada no primeiro dia do evento, às 9h, pelo criador do Sisteminha, o pesquisador Luiz Carlos Guilherme, da Embrapa Cocais. A tecnologia social da Embrapa também será tema de minicurso, que acontecerá hoje às 14h30. Também haverá vitrine tecnológica dos alimentos biofortificados no espaço da Feira de Agricultura Familiar do evento.
Para a professora Snaylla Almendra, coordendora do evento, o Sisteminha no evento representa a culminância do projeto de cooperação técnica entre o IFMA e a Embrapa. “Foram implantados 5 Unidades e Referência Tecnológica – URTs da tecnologia em IFMAs do Maranhão e queremos mostrar a importância do Sisteminha para a agricultura familiar do estado e ainda multiplicar o modelo de cooperação técnica realizado em parceria com a Embrapa no Maranhão”.
Sobre a semana de Agricultura Familiar, a professora explica que tem como objetivo promover um espaço de divulgação, reflexão e integração da comunidade com pesquisadores, extensionistas, estudantes das instituições de ensino e pesquisa, agricultores familiares e a comunidade em geral, nas diversas áreas do conhecimento, tecnologia e inovação, disseminando e popularizando o conhecimento técno-científico e sobre empreendedorismo rural.
“O evento é uma oportunidade de capacitação de agricultores familiares, agregando valor à atividade no município. O evento terá palestras, mesas-redondas, minucursos, oficinas, apresentação de trabalhos, feiras e exposição tecnológicas com temas como uso de energia solar, oportunidades de negócios, micro crédito rural, novas tecnologias, regulação ambiental, horticultura orgânica, aproveitamento integral dos alimentos, meliponicultura, hidroponia, papel do poder público no desenvolvimento da agricultura rural, indicadores rurais. O evento também terá relatos de vivências de agricultores familiares, entre outros”.
Saiba mais sobre o evento aqui
Sisteminha – A tecnologia social é apropriada para produzir alimentos em pequenos espaços, em área urbanas e rurais, para atender ás necessidades nutricionais de uma família de quatro a cinco pessoas, de acordo com as recomendações nutricionais da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em um quintal de tamanho entre 100 e 1,5 mil metros quadrados, o Sisteminha expressa toda sua versatilidade, sendo possível a produção de peixes, ovos e carne de galinhas e codornas, suínos, porquinhos-da-índia, grãos, legumes, frutas, hortaliças, húmos de minhoca e composto orgânico, entre outros. A plantação é escalonada, ou seja, o plantio é feito aos poucos; assim a colheita é gradual, para não faltar nem sobrar muitos alimentos. Em cada fase, algo é acrescentado.
Além de garantir a alimentação básica às famílias, possibilita também a geração de renda, pela comercialização do excedente da produção. Toda a implantação do projeto é voltada para a redução de custos e seguindo modelo agrícola sustentável.
“É uma metodologia simples, de fácil construção, que não interfere culturalmente nas famílias e consegue retirar as pessoas da situação de pobreza e miséria, gerando segurança e soberania alimentar em menos de sete meses. E, o principal, ensina as famílias a conquistarem sua independência alimentar e nutricional, melhorando sua autoestima e capacidades de resolver problemas relacionados à execução das atividades”, explica o criador do Sisteminha, o zootecnista Luiz Carlos Guilherme, pesquisador da Embrapa.
Coração do sisteminha
A tecnologia utiliza a pscicultura intensiva praticada em pequenos tanques construídos com materiais diversos, como papelão, argila e plástico. O tanque para a produção de peixes (tilápias) tem capacidade de 8 mil a 10 mil litros de água. Todos os módulos se beneficiam em algum momento de produção de nutrientes oriundos dos tanque de peixes, capas de produzir entre 100 e 120 quilos de tilápia em três ciclos por ao. Ao fim cada ciclo, os peixes chegam a pesar entre 200 e 300 gramas.
A partir da recirculação dos nutrientes provenientes do tanque de peixes, é possível obter um sistema de produção integrado de frutas e hortaliças – irrigados com efluentes e resíduos sólidos gerados do tanque -, aves e pequenos animais, que beneficia todos os módulos do sistema, organizados de acordo com a disponibilidade e interesse do produtor.
Água residual da criação dos peixes, rica em sólidos orgânicos, é usada na alimentação das minhocas e irrigação dos canteiros convencionais de horticultura e hidroponia. É um biofertilizante que contém macronutrientes como nitrogênio e potássio, além de fósforo, magnésio, enxofre e cálcio. O esterno das aves e pequenos animais, por meio da compostagem, é curtido e se transforma em húmos com auxílio das minhocas. Em seguida esse adubo natural retorna ao cultivo dos vegetais
Alimentos biofortificados
A biofortificação é uma técica de melhoramento genético natural que possibilita elevar o teor de micronutrientes dos alimentos, como pró-vitamina A, ferro e zinco, melhorando sua qualidade nutricional, o que pode ser feito por meio de técnicas de melhoramento convencional de plantas ou pela biotecnologia. O principal objetivo é aumentar os teores de vitaminas e nutrientes em alimentos tradicionalmente consumidos por populações carentes e contribuir para a segurança alimentar no País, combatendo a chamada “fome oculta”, que é a carência específica de micronutrientes.
No Brasil, a biofortificação de alimentos é coordenaa pela Embrapa e tem como essência enriquecer limentos que já fazem parte da dieta da população mais carente, como arroz, feijão, feijão-caupi, mandioca (macaxeiras), batata-doce, milho, abóbora e trigo, a partir do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A, introduzindo alimentos mais nutritivos na dieta dessas pessoas. No Maranhão, a recomendação baseia-se nos cultivos de feijão-caupi (BRS Araçê e BRS Tumucumaque), mandioca (BRS Dourada, BRS Jari e BRS Gema de OVO), batata-doce (Beauregard), milho (BRS 4104).
Fonte: Embrapa
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