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Tecnologia da Embrapa ajuda a manter ritmo das exportações de feijão-caupi

Tecnologia da Embrapa ajuda a manter ritmo das exportações de feijão-caupi

As exportações brasileiras de feijão-caupi (feijão-de-corda) em 2022 alcançaram 46.353 toneladas, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Estes números representam 34,07% de toda a exportação de feijão do País. Estados Unidos, Afeganistão 34,07% de toda a exportação de feijão do Páis. Estados Unidos, Afeganistão, Paquistão, Canadá e China foram os países que mais compraram o feijão brasileiro, segundo o MDIC.

O faturamento brasileiro com essas exportações alcançou nada menos do que US$ 30,2 milhões. O país produziu, no ano passado, de acordo com o Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe), 629,3 mil toeladas de feijão-caupi (Vigna unguiculata). Bahia, Ceará, Tocantins, Piauí e Mato-Grosso, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foram os maiores produtores na safra 2021/2022. Para este ano, o ibrafe projeta números ainda mais animadores para as exportações: 150 mil toneladas de caupi e mungo.

No centro de sucesso destes números está o trabalho de pesquisa e transferência de tecnologias da Embrapa, que atua no Piauí há 48 anos, com a Unidade Meio-Norte, e que também desenvolve ações no Esatado do Maranhão. As cultivares do feijão-caupi mais exportadas nos últimos 10 anos, segundo o pesquisador Maurisreal Rocha, continuam sendo a BRS Tumucumaque, BRS Novaera e a BRS Guariba, desenvolvidas pela Embrapa Meio-Norte, que é a Unidade que coordena o Pragrama Nacional de Mellhoramento Genético de Feijões Caupi e Mungo.

Ao longo das últimas cinco décadas de intensos trabalhos, já foram desenvolvidas dezenas de cultivares de feijão-caupi, que hoje são plantadas em praticamente todo o país, com destaque para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Estão a caminho do mercado consumidor brasileiro e, no futuro do internacional, mais quatro cultivares de feijão-de-corda (caupi) e uma de feijão mungo. “São todas cultivares de excelentes performances que em breve estarão à disposição dos consumidores”, promete Rocha, um dos coordenadores do Programa acional de Melhoramento Genético.

O desbravamento dos cerrados no Meio-Norte

Criação a partir da estrutura física da Estação Experimental “Apolônio Sales”, do Istituto de Pesquisa Experimental Agropecuária do Nordeste (IPEAN), em Teresina, a Embrapa no Piauí nasceu, em agosto de 1975, da necessidade do Estado em desenvolver o setor agropecuário, principalmente “o sistema agrícola familiar, visando as culturas de feijão-de-corda (feijão-caupi), milho, sorgo granífero, arroz de terras alta e baixa, mandioca e algodão mocó”, lembram os pesquisadores Milton Cardoso e Valdenir Queiroz, um dos pioneiros na Estação Experimental de Teresina (UEPAE).

Eles destacam também que o Estado precisava desenvolver o setor de fruticultura e avanças na pecuária de pequenos animais, como caprinos e ovinos, e com bovinos. “Nessa época, na área de fruticultura, o produto mais pesquisado era o cajueiro”, diz Cardoso. “Em seguida – prossegue – começaram as pesquisas com soja, algodão herbáceo e outras culturas alternativas, como gergelim e girassol”. Foi o começo da exploração das áreas de cerrados do Piauí e do Maranhão, planas ou suavemente onduladas, que favorecem a mecanização agrícola.

O impacto de soja Tropical

Nos cerrados, semiárido e vales úmidos, A Embrapa vem gerando, adaptando e indicando dezenas de tecnologias, que mudou completamente a agropecuária da região. “Com o algodoeiro, por exemplo, trabalhou-se em diversas linhas de pesquisa, como o melhoramento genético, controle de ervas e a consorciação envolvendo o algodoeiro arbóreo e herbáceo”, destaca o pesquisador Kaesel Damasceno, gestor de Pesquisa e Desenvolvimento da Unidade.

O cientista aponta os estudos na exploração de arroz em sistemas de cultivo irrigado, sequeiro e de várzea. Com a cultura do milho, ele destaca as pesquisas à “adaptabilidade de mais de duas dezenas de genótipos e o consórcio do milho com diversas culturas alternativas, como a soja, gergelim, algodoeiro herbáceo, feijão-caupi, fava e arroz”.

No trabalho com soja, que marcou o desbravamento dos cerrados da região Meio-Norte, “a identificação da cultivar Tropical trouxe para o Piauí e o Nordeste um grande impacto, pois foi a primeira cultivar nacional adaptada a baixas latitudes, lembra Damasceno. O Piauí, hoje, com as ações de pesquisa e transferência de tecnologias da Embrapa e o trabalho de agricultores do Paraná e Rio Grande do Sul, que migraram para o Estado no início da década de 1980, é um dos maiores produtores e exportadores de soja da região.

A força do sisteminha e do boi tropical

Além do sucesso em praticamente todas as áreas da agropecuária e aquicultura, como o desenvolvimento de rações para alimentação artificial de abelhas e a identificação de espécies nativas de camarão, bem como o ordenamento pesqueiro do caranguejo-uçá, duas tecnologias também vêm destacando o trabalho da Embrapa no Meio-Norte nas últimas cinco décadas. O Sistema Integrado de Produção de Alimentos (Sisteminha Embrapa/UFU/Fapemig) é a que mais brilha, melhorando a alimentação e a renda de famílias nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. A tecnologia faz sucesso em países como Gana, Uganda, Etiópia, Camarões, Tanzânia, Angola e Moçambique.

O “Sisteminha “é simples e dá bons resultados em pouco tempo. Ele consiste em um tanque de psicicultura de construção artesanal, um galinheiro, uma minhocária, hidroponia, um abrigo de compostagem e uma horta periférica. O tanque tem capacidade para 5 mil litros e funciona com sistema de recirculação de água. No projeto piloto, a capacidade de produção totalizou cerca de 25 kg de tilápia em 3 ciclos por ano.

A tecnologia foi criado em 2002, pelo pesquisador Luiz Carlos Guilherme, durante o doutorado dele em Zootecnia na Universidade Federal de Ubelândia, no triângulo mineiro. O sistema foi aprimorado pela Unidade de Execução de Pesquisas (UEP) da Embrapa-Meio-Norte, em Parnaíba, município localizado a 348 quilômetros ao norte de Teresina.

Trezes anos depois, em 2015, o País ganhou a segunda tecnologia de ponta com os primeiros bovinos de um cruzamento industrial entre touros de raça brasileira Curraleiro Pré-Duro (Bos taurus taurus) e vacas nelore (Bos indicus indicus), de origem indiana. O bovino tropical é resultado de seis anos de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa e a Universidade Federal do Piauí (UFPI). O cruzamento foi o primeiro entre essas duas raças feito com metodologia científica.

O novo bovino, criado em pastagens nativas, impressiona pelo desempenho zootécnico superior. Ele é mais precoce que o nelore, vai mais cedo para o abate – com apenas dois anos de idade e pesando 45 quilos de carne a mais nas mesmas condições de pastagem -. O nelore fica em ponto de abate aos tres anos de idade. As pesquisas indicaram que esse novo mestiço produz 20 quilos de carne macia por 100 quilos de músculos na carcaça. Já o nelore produz apenas 16 quilos no mesmo peso de músculo na carcaça.

O pesquisador Geraldo Magela Côrtes Carvalho, que coordenou o projeto, diz que o “tropical” tem mais ganho de peso em menos tempo por um aspecto que ele faz questão de destacar: “O animal tem uma estatura menor que o nelore e, por isso, consegue se desenvolver bem em piquetes menores, garantindo uma taxa de lotação na mesma passagem até 20% maior na área delimitada”. Esse aspecto é muito importante para o conforto do animal, de acordo com Carvalho.

“Mais produtividade com sustentabilidade social”

Destacando a atuação da Embrapa Meio-Norte em mais de 60% na “última fronteira agrícola do país”, o Matopiba, região formado pelos Estados do Piauí, Maranhão, Tocantis e Bahia, o chefe-geral da Unidade, Anísio Lima Neto, projeta um futuro de ampla contribuição para desenvolvimento agropecuário do País. “Com a produção sustentável de alimentos, em sistemas integrados, como ILP, ILPF, plantio direto, manejo intenso de pastagens e recuperação de áreas degradadas”, temos condições de explorar o máximo do potencial produtivo da região, elevando a produtividade com sustentabilidade ambiental, social e econômica”.

Anísio Neto aponta o trabalho da Unidade na direção dos objetivos nacionais da Embrapa: “Estamos nos consolidando estrategicamente como um instrumento indutor, promotor e aglutinador de instituições para que, juntas, podemos maximizar as expertises em prol de um desenvolvimento sustentável, equilibrado, socialmente justo e com uma forte pegada ambiental, que fortalece a ferramenta da empresa para o desenvolvimento estratégico de toda região Nordeste”.

Fonte: www.embrapa.br

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